25 março 2009

o último café em paris | 3-pbl-20-07 | 1/3

o ultimo café em paris


Estou sozinho, e tu também.
Os rituais frios de hotéis, danças sinistras,
sublinham a rigidez das paredes
- caiadas de neve por fora,
forradas de silêncios, por dentro.
(A Paris Social é um Paraíso de Requinte.
Como o restaurante onde jantámos tão vaidosa refeição,
em que os talheres desfilavam na toalha, abanando as ancas,
em contraste com as árvores despidas, esqueléticas,
pedintes que moram do lado de lá da janela.
Distante agora, que as lembranças sem saudade
fazem maior a opacidade do momento.)
Despimo-nos por fora, que por dentro
pouca nudez tínhamos para mostrar.
Eu por ritual, tu por penitência,
bebemos um café na sala de entrada
que não foi sala de entrada nem de saída,
só corredor de passagem para lugar nenhum.
E afinal, tudo vale precisamente
aquilo que deixarmos que isso valha
.

poema by nuno gabriel oliveira

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