Moves-te com impaciência. Talvez já tenhas descoberto que olho para ti. Levantas-te da cadeira, despedes-te genericamente dos outros, nem olhas para mim, esforças-te por ser – e és! – insuportavelmente discreta, o teu corpo acondiciona-se ao rigor das linhas direitas. (A terra conheceu o pecado quando se vestiu de pudor). Dirão: o belo não se oferece, esconde-se! Para assassinar o bem basta a possibilidade do mal, ponto.
Vulgarizo as tuas pernas reprimidas. No vinco incongruente das calças, ponho as formas rudes da carne velha. No casaco comprido que vestiste à pressa, cabe toda a imperfeição. E afinal, as tuas pernas hão-de ser feias. Vais-te embora, os outros também, permaneço sentado, sozinho. Na cúpula em que todos estamos fechados, não se fazem poemas de amor. E ponto final.