27 maio 2009

3 mesas

3 mesas ficou fora do projecto 3-pbl-20-07 quando exibido no cafécomlivros, aproveito para apresentar a pintura e o texto em forma de faixa escondida, aqui vai o bónus:



São duas mulheres sentadas a uma mesa. Estão sozinhas, e essa solidão percebe-se até no olhar vazio mas ansioso, como se esperassem alguém que sabem que nunca virá. Percebe-se também pelas roupas e expressões sóbrias, olhar perdendo-se em redor, muito frequentemente, mas sem nunca perderem um semblante ensimesmado e outonal. Socorrem-se uma da outra, mantêm a pose de quem conversa. Permanecem, contudo, mudas e desconfortáveis com essa mudez.

Na mesa ao lado, uma rapariga um pouco mais jovem, acompanhada por dois rapazes da mesma idade. Esta, ao contrário das duas mulheres sentadas na mesa ao lado, mostra um sorriso generoso e solar, a condizer com a camisola (?) curtíssima, que permite ver o umbigo e a quase totalidade das costas. Roupa audaz, que desafia. Esta rapariga não olha para ninguém, limita-se a permitir que os dois jovens olhem sequiosamente para ela. E como olham. Corrijo: de vez em quando, olha para as duas mulheres agora vizinhas e sem companhia masculina, subordinando-as, esmagando-as com a sua “plenitude social”. Freud haveria de gostar deste quadro. E eu também gosto!

As duas mulheres sós recolhem todos os diferentes panfletos que estão poisados nas mesas do café, até terem um exemplar de cada. Inclui-se neste grupo de objectos recolhidos o longo e cartonado panfleto que o trio vizinho já havia retirado para uma mesa próxima da sua. Na mesa das mulheres sós, nota-se uma variedade de cores, correspondente às publicidades de espectáculos, lançamentos de livros, cinema do mês e outros acontecimentos culturais. Lêem-nos avidamente. E nessa leitura silenciosa mas entre olhada, estabelece-se a única (mas densa) comunicação entre as duas.

Na mesa do trio sorridente, por seu turno, não há lugar a leituras. Há todo um frémito social, jogos de sedução e contemplação, sorrisos e conversas em voz alta, gargalhadas de boa disposição. Não há um único papel que possa ser lido em cima desta mesa, foram todos distribuídos pelas mesas em redor, para que nada se intrometesse neste tão animado convívio.

Próximo destas duas mesas está aquela em que eu próprio me encontro sentado. À mesa, apenas eu e todos os diferentes tipos de panfletos que a mesa das duas mulheres também exibe. E mais um livro de 384 páginas. Eu vim mais cedo. E talvez esteja à espera de ficar por mais tempo.

poema by nuno gabriel oliveira

18 maio 2009

o amor é um gajo estranho

adoro os pop dell’arte e tenho um carinho especial pela música o amor é um gajo estranho, a seguinte pintura é uma homenagem ao peste e a todos aqueles que já passaram pela banda.
andei à procura do videoclip ou de alguma gravação ao vivo dessa música, como não encontrei nada relacionado com o amor é um gajo estranho optei por colocar a não menos estranha participação no big sow sic - my funny ana lana.
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11 maio 2009

quero morder-te as mãos

este devia ter sido o primeiro post e é a razão pela qual o meu blog se chama quero morder-te.
é uma pequena homenagem a uma das minhas bandas preferidas - os mão morta - e aqui fica o videoclip da música quero morder-te as mãos: